A União Europeia pediu “eleições livres” na Venezuela
FONTE: O SUL
A UE (União Europeia) fez um apelo, na noite de quarta-feira (23), para a organização de “eleições livres e credíveis” na Venezuela. A declaração aconteceu no dia em que o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Juan Guaidó, se declarou presidente interino do país.
A nota divulgada pelo bloco europeu, no entanto, não menciona diretamente a iniciativa de Guaidó, que já foi reconhecida por vários países, entre eles o Brasil e os Estados Unidos. O presidente Nicolás Maduro, que se diz alvo de um golpe, afirmou que não vai deixar o cargo.
Em meio a manifestações a favor e contra o governo chavista, a Alta Representante para a Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini, afirmou, em nota, que o povo da Venezuela “pediu maciçamente a democracia e a possibilidade de determinar livremente seu próprio destino. Essas vozes não podem ser ignoradas”.
“A União Europeia apela fortemente ao início de um processo político imediato que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”, diz a nota de Mogherini. “A UE apoia plenamente a Assembleia Nacional como instituição democraticamente eleita cujos poderes devem ser restaurados e respeitados.”
Mogherini ainda defendeu que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo o seu presidente, Juan Guaidó, devem ser observados e plenamente respeitados”. Guaidó foi detido e depois liberado, há alguns dias, após declarar estar disposto a assumir a presidência do país.
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, também fez um apelo pelo diálogo para evitar “um desastre” no país. “O que esperamos é que o diálogo seja possível e evitar uma escalada que nos levaria a um tipo de conflito que poderia ser um desastre para o povo da Venezuela e para a região”, declarou.
“Os governos soberanos têm a possibilidade de decidir o que querem. O que nos preocupa na situação da Venezuela é o sofrimento do povo da Venezuela”, completou.
Golpe
Maduro acusou os Estados Unidos – primeiro país a reconhecer Guaidó como presidente interino – de dirigirem uma operação para impor um golpe de Estado e anunciou o rompimento de relações diplomáticas e políticas com o país.
“Estamos aqui pelo voto do povo. Só as pessoas colocam e só as pessoas removem. Pode um ‘qualquer’ se declarar presidente ou é o povo que elege o presidente?”, questionou. Maduro, que conta com o apoio das Forças Armadas, prometeu resistir ao “golpe”. “Aqui não se rende ninguém, aqui não foge ninguém. Aqui vamos ao combate. E aqui vamos à vitória da paz, da vida, da democracia”, disse.
Brasil
O presidente Jair Bolsonaro reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela durante encontro com líderes de outros países em Davos, na Suíça. O general Hamilton Mourão, que ocupa a Presidência em razão da viagem de Bolsonaro, declarou que o Brasil não participará de uma eventual intervenção dos Estados Unidos na Venezuela. Segundo ele, não faz parte da política externa brasileira “intervir” em questões internas de outros países.